ATA DA DÉCIMA QUARTA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 17-10-2007.

 


Aos dezessete dias do mês de outubro do ano de dois mil e sete, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e dezenove minutos, foi realizada a chamada, respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Alceu Brasinha, Almerindo Filho, Clênia Maranhão, Ervino Besson, Guilherme Barbosa, João Antonio Dib, José Ismael Heinen, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maria Luiza, Mario Fraga, Maristela Meneghetti, Nereu D'Avila, Newton Braga Rosa e Valdir Caetano. Constatada a existência de quórum, a Senhora Presidenta declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Bernardino Vendruscolo, Carlos Comassetto, Carlos Todeschini, Claudio Sebenelo, Dr. Goulart, Dr. Raul, Elói Guimarães, João Carlos Nedel, Márcio Bins Ely, Margarete Moraes, Neuza Canabarro, Nilo Santos e Zé Valdir. Em PAUTA, Discussão Preliminar, esteve, em 2ª Sessão, o Projeto de Lei do Executivo nº 019/07, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib, Carlos Comassetto, Sebastião Melo, Carlos Todeschini e Guilherme Barbosa. Na oportunidade, foi apregoado Requerimento de autoria da Vereadora Maristela Maffei, solicitando Licença para Tratamento de Saúde no dia de hoje, tendo a Senhora Presidenta declarado empossado na vereança o Suplente Zé Valdir, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude. Também, foram apregoadas Declarações firmadas pelo Vereador Adeli Sell, Líder da Bancada do PT, informando o impedimento dos Suplentes Gerson Almeida e Mauro Pinheiro em assumirem a vereança no dia de hoje, em substituição à Vereadora Maristela Maffei. Às quinze horas e cinqüenta e dois minutos, constatada a inexistência de quórum, a Senhora Presidenta declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Extraordinária a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pela Vereadora Maria Celeste e secretariados pelo Vereador Alceu Brasinha. Do que eu, Alceu Brasinha, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada por mim e pela Senhora Presidenta.

 

 


A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Estão abertos os trabalhos da 14ª Sessão Extraordinária.

Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

2ª SESSÃO

 

PROC. Nº 7780/07 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 019/07, que autoriza o Poder Executivo a contratar empréstimo externo junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID, com garantia da União, para financiamento de obras de reurbanização, saneamento, drenagem urbana e gestão ambiental do Programa Integrado Socioambiental – PISA.

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, o Prefeito de Porto Alegre encaminha Projeto de Lei solicitando autorização para empréstimo externo do BID para realização do Projeto Integrado Socioambiental.

Eu gostaria de explicar alguma coisa sobre tarifa de esgoto cloacal em Porto Alegre. Em 1975, eu era Diretor do DMAE e não se cobrava pela coleta de esgoto. Encaminhei à Casa um Projeto de Lei cobrando a taxa de coleta de esgoto, e essa taxa foi proposta em Emenda, pelo Ver. Brochado da Rocha, em 80% do valor do consumo de água. Mas só se cobrava daqueles que tinham esgoto cloacal ligado e não da população em geral. Em 1991, o Prefeito Olívio Dutra encaminhou à Casa um Projeto de Lei fazendo com que todo o esgoto coletado em Porto Alegre, no pluvial também, fosse cobrado. E, então, foi estendida a taxa de esgoto para todos aqueles que tinham fossas que estavam ligadas no sistema pluvial.

A Lei dizia que todo recurso auferido pela cobrança de taxa de esgoto pluvial, esgoto misto, seria levado para execução das estações de tratamento.

Na realidade, eu acho que, ao longo desse tempo, todo o dinheiro não foi utilizado pelo DMAE, mas, de qualquer forma, foi feita a estação de tratamento Humaitá-Navegantes, a do Lami, a de Belém Novo, e foi feita a lagoa de estabilização na Serraria. Então, pelo menos parte dos recursos dispostos na Lei foram aplicados na ampliação da capacidade de tratamento, que passou, agora, a 27%. Com este Projeto do Prefeito, chegaremos a 77%, numa década a mais.

Ora, se ele usar os recursos hoje auferidos em razão da cobrança de taxa de pluvial, ele estará fazendo aquilo que a Lei preceitua, e, no caso, os valores dessa obra, ao longo de 10 anos, não serão cobertos de forma nenhuma pela cobrança do pluvial. Terá que haver, sem dúvida, contrapartida do Departamento de Água e Esgotos, e, com o fato de ter aumentado o tratamento de esgoto para 27%, estarão pagando taxa de esgoto cloacal, não mais pluvial.

Então, o Prefeito terá que adicionar recursos da Prefeitura, vale dizer, da sua autarquia, o DMAE, para que este Projeto grandioso, sem dúvida nenhuma, possa ser executado. É um Projeto que vem sendo esperado há longa data, vai resolver muitos dos nossos problemas.

Nós lançamos esgoto cloacal aqui na Ponta da Cadeia, a 12 metros de profundidade, desde 1975, e não se fez o tratamento em razão das diferenças e das dificuldades estabelecidas pelos ambientalistas, que não queriam que fosse aqui nas margens do lago Guaíba; ao mesmo tempo, não concordavam quando se propôs fazer a travessia e fazer numa das ilhas uma estação de tratamento ou uma lagoa de estabilização.

Agora, há uma solução que vai tratar grande parte do esgoto coletado em Porto Alegre, com recursos do DMAE, do financiamento, e, também, da taxa de pluvial cobrada pela Prefeitura.

Portanto, eu acho que o “espírito” da lei está sendo respeitado, principalmente agora, quando os gastos com o tratamento serão maiores do que a arrecadação da taxa produzida pelo esgoto pluvial. Saúde e PAZ!

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver. Carlos Comassetto está com a palavra para discutir o Pauta.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Srª Presidenta, Verª Maria Celeste; colegas Vereadores, Vereadoras, senhoras e senhores, gostaria de trazer, aqui, mais algumas preocupações que temos encontrado na análise do Projeto Socioambiental. Primeiro, eu quero fazer duas ou três afirmações. Todos nós, nesta Casa, somos favoráveis a esse Projeto, pois ele elevará o tratamento dos esgotos cloacais de Porto Alegre para em torno de 75%; um Projeto iniciado lá na Administração Popular e que vem sendo desenvolvido, até o momento, com um conjunto de modificações. E é justamente sobre essas modificações que eu gostaria de tratar, neste momento, para podermos fazer um debate e, ao mesmo tempo, aprovarmos esse financiamento, em torno de 75 milhões de dólares, que está sendo proposto pelo Executivo Municipal. Primeiro, eu coloco pelo menos um ajuste que o Governo tem que fazer. Em momento algum, ele cita a totalidade do Projeto Socioambiental, que, pelas minhas contas, Vereadores e Vereadoras, chega, hoje, a 490 milhões de reais. Portanto, o que nós estamos aprovando, aqui, é uma parte do Projeto, mas, na Justificativa, tem que constar o todo, e, esse todo, senhoras e senhores, em torno de 168 milhões, virá do Ministério das Cidades. Isso tem que ser dito aqui, para que seja feita justiça nas relações republicanas. Esse é o primeiro questionamento.

O segundo questionamento que nós fazemos: quando aprovamos aquele outro Projeto, o Secretário veio a esta Casa e não apresentou as Justificativas, Ver. Sebastião Melo, dentro daquilo que nós precisamos saber. A primeira delas: o documento que ele encaminhou, a carta-consulta ao BID, está dizendo que as famílias da Cavalhada, do Cristal, assim como da Serraria, serão transferidas para a Restinga e para a Vila Nova. Quero dizer que este não é o conceito aprovado no Projeto, não foi isso que foi aprovado na Audiência Pública que foi feita, na elaboração dos Estudos de Impacto Ambiental que eu participei, lá na Zona Sul da cidade de Porto Alegre. Portanto, se é para mudar o Projeto, tem que fazer uma nova Audiência Pública e uma nova calibragem disso. E mais: todos nós sabemos aqui que a Restinga não tem condições de aceitar mais população, principalmente de interesse social, sem ter um projeto de desenvolvimento que adapte essas famílias lá naquela região. Portanto, não temos acordo quanto a isso; tem que ser justificado.

E o segundo problema que nós identificamos: é um projeto de saneamento, como disse aqui a Verª Neuza Canabarro, e, analisando alguns dos mapas - pois a resposta ao Pedido de Informações que fizemos ao DMAE não foi enviada até o momento a esta Casa - foram solicitadas as plantas de engenharia do Estudo de Saneamento Básico. Nós queremos analisar as plantas de engenharia. Por que, Vereador Guilherme? Porque contempla algumas comunidades e outras ficam fora. E com relação a essas comunidades que estão ficando de fora do Projeto Básico de Engenharia de Saneamento, onde será jogado o esgoto? Vamos continuar deixando que ele seja jogado nos arroios? Portanto, essa análise eu trago para os senhores e para as senhoras, porque nós precisamos fazer a verificação disso para que esse dinheiro seja bem aplicado.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Carlos Comassetto, na realidade, as alterações, a maioria delas, são feitas em razão da reação da coletividade em relação ao primeiro projeto que a administração do Partido dos Trabalhadores fez, certamente, sem nenhum problema. E, por outro lado, são 300 milhões de reais que serão investidos nessa obra, inicialmente. Isso vai resolver o problema de mais 50%; mas vão ficar faltando 23% para ser resolvido ainda.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Sim, mas V. Exª é engenheiro e sabe que nós não podemos contemplar uma vila em 70% e deixar naquela mesma vila 30% sem fazer a coleta, porque a rede estruturadora é a mesma, e se não tiver o cálculo absorvendo tudo isso, será um problema de engenharia. Eu identifiquei nesse Projeto um conjunto de problemas de engenharia e quero discutir com os senhores e mostrar isso. Não podemos deixar passar um projeto se o que este Vereador está dizendo aqui, nas análises técnicas, for justificado. Quero ter a oportunidade de justificar aos senhores e as senhoras que estou correto, inicialmente, nessa análise que estou fazendo.

Segundo tema: se é para mudar o Projeto, tem que ser feito um debate com a comunidade novamente. Eu fui convidado, Ver. João Antonio Dib, para uma Audiência Pública, na Restinga, para discutir o Projeto de Engenharia que a SMAM convocou, coordenada pelo Secretário Beto Moesch. Sabem quantas pessoas da comunidade estavam nessa Audiência Pública? Quatro. Eu pergunto aos senhores e às senhoras: para discutir um Projeto com essa grandeza de investimento, havendo quatro pessoas da comunidade, numa Audiência Pública, coordenada pela SMAM e pelo DMAE, tem validade uma Audiência Pública dessas? No meu ponto de vista, da democracia participativa, não tem validade nenhuma. Deixei registrado isso em Ata. Não obtive resposta, até o momento, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Se não obtiver resposta, encaminharemos ao Ministério Público. Não queremos complicar este Projeto, mas queremos ter as respostas adequadas. Muito obrigado, senhores e senhoras.

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Apregôo a Licença para Tratamento de Saúde, no dia de hoje, conforme atestado anexo, da Verª Maristela Maffei. Na condição de Líder da Bancada, o Ver. Adeli Sell, comunica que os Suplentes, Ver. Gerson Almeida e Ver. Mauro Pinheiro, estão impossibilitados de assumirem a Vereança. A Mesa declara empossado o Ver. Zé Valdir, que integrará a Comissão de Educação, Cultura e Esportes e Juventude.

O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Srª Presidenta, Verª Maria Celeste; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, a Prefeitura de Porto Alegre solicita autorização a esta Casa para contrair empréstimo, Ver. Elói, no valor de 160 milhões de reais. Portanto, um valor altamente significativo para enfrentar um desafio que não é apenas de Porto Alegre, mas que é dos países periféricos, especialmente do nosso Brasil, cuja média nacional de tratamento de esgoto é de 9% ou 10%. Porto Alegre vem num processo gradativo, é verdade, começou com 1%, foi a 2% e chega, hoje, à capacidade de tratamento de 27%. Isso não significa que 27% sejam tratados; tem capacidade para 27%. Alguns dizem que trata 22%, 23%, 24%. Este é um Projeto a longo prazo. Diz a Prefeitura que pode concluí-lo em cinco anos. Eu acho que não; acho que vai levar um pouquinho mais de cinco anos. Que seja em seis, que seja em sete, é muito bem-vindo, porque, cá para nós, Ver. Sebenelo, que beleza que as gerações vindouras – os nossos filhos, os nossos netos – possam ter um Guaíba diferenciado deste lago, para alguns, rio, para outros uma cloaca, em que não mais sejam lançados in natura, Ver. Comassetto, alguns milhares de litros por minuto do esgoto da nossa Cidade!

Nós vamos resolver, só com o tratamento do esgoto de Porto Alegre, a total despoluição do nosso Lago? É claro que não, porque os seus afluentes trazem muita poluição, Ver. Zé Valdir. Tem que ser um trabalho integrado. Lá atrás, o Governo do Estado com maior capacidade buscou trabalhar isso através de projeto capitaneado por ele; o de hoje, pela sua incapacidade, o parou.

 

O Sr. Carlos Comassetto: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Justamente esse conceito que o senhor defende, o de ser um projeto integrado, que venha para resolver os problemas regionais, nós não identificamos nas informações até agora obtidas. Por exemplo, da Restinga, que o senhor conhece muito bem, o Projeto atende apenas à planta básica; todo o entorno não está incluído. Nós gostaríamos de analisar e fazer esse debate, porque o total do investimento deste Projeto é em torno de 480 milhões, 490 milhões de reais, na totalidade. Eu gostaria de contar com a sua colaboração para podermos analisar o Projeto na íntegra.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: O tempo é curto, talvez não possamos fazer o debate com a profundidade que eu gostaria; mas quero enfrentar, Ver. Comassetto, o que V. Exª levantou no que diz respeito ao assentamento das famílias do arroio Cavalhada. Isso está garantido, sim, no Projeto, porque vem do projeto anterior e está conservado no Projeto atual: que as famílias têm que ser assentadas no entorno. Isso está colocado. Agora, o Projeto não proíbe... Até porque, se eu não estou enganado e acho que não estou enganado... Dentro desse Projeto é criado aquilo que se chama “bônus habitação”, que permite ao cidadão, beneficiado por esse assentamento, buscar em outra localidade, dentro do valor estabelecido, um lugar para habitar. O que quero dizer é o seguinte: se alguma correção tem que ser feita, que se faça nesta Casa, e que se faça nos órgãos técnicos, no executor da matéria, que é a Secretaria de Gestão do Município. O que estamos pedindo neste momento, minha Líder Verª Clênia Maranhão, é autorização. Há a gestão do Projeto, vamos trabalhar; que a Câmara possa até, inclusive por meio das suas Comissões competentes, criar uma Comissão Especial para acompanhar a obra do Socioambiental.

Agora, nós temos prazo. Portanto, quero cumprimentá-la, Vereadora-Presidenta, por seu entendimento junto aos Líderes, que deu acordo para que ocorressem, hoje, duas Sessões, porque esta Casa, independente de quem é oposição ou de quem é Governo, pensa no futuro desta Cidade.

Portanto, vamos hoje terminar a Pauta, porque foi fruto da sensibilidade da Presidenta, foi fruto da sensibilidade dos Líderes, inclusive da oposição, que podem e devem ter a sua discordância. Mas, acima de tudo, não vão permitir que um recurso dessa envergadura deixe de vir para a Cidade por falta prazo. Muito obrigado, Srª Presidenta.

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Srª Presidenta, Verª Maria Celeste; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, público presente, Cidade que nos assiste por meio do Canal 16, recebemos aqui o pedido de autorização para o Poder Executivo contratar empréstimo, junto ao BID, no valor limite de 75 milhões e 700 mil dólares, com uma contrapartida do Município de 78 milhões e 40 mil dólares. Este é um pedido de autorização complementar aos recursos já autorizados por esta Casa para a implantação do PISA – Programa Integrado Socioambiental. Vereador João Dib, no dia 5 de dezembro de 2000 houve uma autorização do Senado Nacional para contratação desse financiamento junto a instituições financeiras internacionais. E, na época, havia uma tentativa de contratação de financiamento junto ao Jibic. E, depois de dois anos de estudo, Ver. Guilherme, chegou-se à conclusão de que o Jibic, o Banco de Crédito do Japão, estava mais para receber financiamento do que para realizar empréstimos, dada a situação crítica em que vivia o Japão naquele período. Então, todas as energias da nossa gestão voltaram-se para buscar recursos junto ao BID, porque não havia financiamentos dos organismos nacionais, que estavam impedidos de realizá-los; o FGTS estava bloqueado, devido aos compromissos do Brasil com o FMI. Portanto, a única fonte possível era o BID.

Fizemos todo um trabalho, fizemos, inclusive, um desenvolvimento das concepções dos projetos até o ponto de se atingir a licença prévia de todo o Projeto Integrado Socioambiental, feita por nós e obtida junto à Fepam em 1993.

E a totalidade do Projeto, o Ver. Comassetto tem total razão, na época, somou 345 milhões de reais, ou 115 milhões de dólares. Ocorre que agora temos aqui, já autorizados e projetados, os Pedidos de Autorização para um Programa que soma 498 milhões de reais, e vou explicar os dados detalhadamente: para parte do esgoto serão 103 milhões de reais; para o Sistema Cavalhada, coleta e esgotamento serão 30 milhões de reais; para o Sistema Restinga serão 30 milhões de reais - com os quebrados, somam 168 milhões de reais. Há os 53 milhões de reais de contrapartida do Município; os 75 milhões de dólares do BID, e mais 78 milhões de dólares do Município, que totalizam 498 milhões de reais. Como um Projeto que estava orçado - e vamos tomar por base o real - em 345 milhões de reais, já está projetado em 498 milhões de reais, ultrapassando os 115 milhões de dólares iniciais para quase 200 milhões de dólares? É verdade que houve uma defasagem, houve um rebaixamento do dólar, mas pode ser tanta a diferença? Eu estou questionando, porque é necessário que nós tenhamos aqui, todos os projetos para que possamos fazer uma análise mais detalhada, porque a diferença de números é muito grande.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Carlos Todeschini, acho muito corretas as colocações de V. Exª, só que quero afirmar que aqui, na Câmara, nós não temos condições de analisar o Projeto. Não vou dizer que V. Exª, que foi Diretor do DMAE, assim como eu, poderíamos olhar o Projeto; até poderíamos, só não sei se conseguiríamos definir qualquer coisa. Há uma urgência para resolvermos este financiamento.

Na verdade, V. Exª também colocou que cada dólar correspondia a mais de três reais, e, agora, corresponde a um real e oitenta centavos –, há a necessidade de um número maior de dólares, em vez de 120, talvez, uns 200 milhões de dólares. Mas, de qualquer forma, a fiscalização é muito rigorosa em cima desse tipo de financiamento. E V. Exª sabe muito bem: não deve haver problema nenhum. Nós precisamos, sim, aprovar e iniciar as obras.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Obrigado, Ver. João Antonio Dib, dou-lhe razão, mas agrego o seguinte: os projetos mudaram, a concepção mudou. E quero informá-lo de que tenho, sim, equipe no meu gabinete em condições de fazer o exame técnico detalhado do Projeto. Eu preciso saber sobre essas modificações técnicas realizadas, pois além de serem contra o que já foi feito, contra a vontade pessoal, contra o que eu desenvolvi durante esses quatro anos, não acredito que tenha um custo superior embutido, que, na minha avaliação, possui uma concepção equivocada. Aguardo os projetos, porque é muita diferença, ainda que o dólar tenha um importante rebaixamento, houve um significativo aumento em reais, que é a moeda mais estável no período. Obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Vereadora Maria Celeste, demais colegas Vereadoras e Vereadores, demais pessoas que nos acompanham, com a sensibilidade da nossa Presidenta da Mesa e do Plenário, nós estamos em um procedimento de apressar a tramitação deste Projeto do Executivo, que aborda um tema muito importante para a Cidade. Mas já vemos aqui a necessidade, apesar da celeridade, de aprofundar a análise na medida em que se envolvem milhões e milhões de reais ou de dólares, como queiramos, e daquilo que eram 300 milhões de reais e que agora o Executivo está pedindo 500 milhões de reais! Muito dinheiro, muito, muito dinheiro! Por um lado, a gente fica contente em ver que o nosso Departamento Municipal de Água e Esgoto tem a capacidade, sendo um órgão Municipal, de contrair empréstimo dessa magnitude; mas, por outro lado, é preciso ter um cuidado muito grande, porque, Ver. Sebenelo, se não for bem equacionado, ao longo do tempo, pode quebrar o DMAE, que é um órgão financeiramente são, há muito tempo. Ao mesmo tempo, são obras muito grandes que levarão, na minha sensibilidade, de cinco a sete anos, tranqüilamente, mas que precisam começar.

Além do grande volume de recursos, há um debate sobre a técnica do tratamento. Nós vimos a Administração Popular trabalhando com uma técnica de tratamento que, ao mesmo tempo em que exigia uma área maior - para construção da lagoa de estabilização - e um investimento maior, era muito próxima a do natural, porque não envolvia nenhum tipo de produto químico, nem energia para isso, dentro da própria estação; agora se trabalha com uma técnica diferenciada que precisa de produtos químicos, de muita energia e equipamentos; portanto, uma técnica diferenciada. Quando esteve aqui o Diretor-Geral do DMAE, o Engenheiro Flávio Presser, eu comentei isso com ele, que disse que me mandaria os estudos mostrando algum problema nas lagoas de estabilização, que nós, em princípio, negamos. Faz dois meses, e, até agora, os estudos não vieram.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Guilherme Barbosa, em primeiro lugar, eu quero dizer a V. Exª que eu acho que até seria bom que viesse o Projeto para conhecimento dos Vereadores. V. Exª, que foi Diretor do DMAE, também tem condições de olhar o Projeto; a maioria eu creio que não tenha, mas eu acho que vale. A presença do Projeto não deve ser impeditiva para votação do Projeto de financiamento. E, por outro lado, eu quero dizer também que, pelo menos, no tempo em que eu fui Diretor do DMAE, eram investidos 40% da Receita, imagino que se não são 40%, sejam 35%, ou até com 30% ainda dá para fazer o investimento, e fazer o pagamento sem maiores problemas, até porque deve aumentar a arrecadação.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Em tese, é um Projeto importantíssimo para a Cidade, e para o Departamento também é bom, mas é claro que estudando o fluxo de caixa daquilo que será desembolsado ao longo do tempo e a arrecadação que começa a entrar. Mas é preciso verificar essas questões.

Uma outra coisa, embora não esteja ligada diretamente ao financiamento, concordo com V. Exª, mas que é preciso colocar no debate - embora negado pelo Ver. Sebastião Melo -, mas no texto que apresentava aquela outra parcela de financiamento, que nós já aprovamos, dizia, sim, que as pessoas do bairro Cristal e as pessoas da Vila dos Sargentos, na Serraria, iriam para a Restinga. Isso estava escrito. Nós não estamos inventando nada. Essa determinação vai contra a Lei Orgânica do Município e contra aquilo que nós, durante 16 anos, aplicamos, que é deixar as pessoas o mais próximo possível de onde elas estão. As pessoas organizam a sua vida no entorno da sua vila, como a escola para os seus filhos, o trabalho da família. Então, essa prática de levar para bem longe já não existia mais na Cidade.

Estava, sim, no documento que veio aqui, e, portanto, nós queremos ver o projeto de engenharia, é importante para ver o estudo na questão da técnica do tratamento, além dessas questões que envolvem o deslocamento das comunidades. Obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Obrigada, Ver. Guilherme.

Visivelmente não há quórum, portanto estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 15h52min.)

 

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